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Quando o bicho dá lugar à seda: suavidade ao seu alcance

Quando o bicho dá lugar à seda: suavidade ao seu alcance

FABRICAÇÃO | 12 de Junho, 2019

LEITURA | 4 MIN

A seda é um tecido nobre, que começou a ser produzido há mais de cinco mil anos, na China. Este é um pano de textura macia e enorme beleza, utilizado pela classe média e alta, devido ao seu preço ser superior ao de qualquer outro tecido para a fabricação de vestuário.

Do bicho à seda: processo de produção

A seda tem a sua origem no bicho-da-seda, uma larva originária do norte da China. Este bicho surge nas folhas das amoreiras, alimentando-se exclusivamente destas. Após vários dias dentro de uma caixa de cartão, este bicho começa a produzir casulos. O bicho-da-seda reproduz-se muito rapidamente, o que faz com que as indústrias produtoras de seda os tenham aos milhares.

Quando o casulo está inteiramente formado, este é retirado da caixa e colocado em água quente, para libertar as substâncias que contém e matar a larva. No decorrer deste processo, os fios do casulo ficam brilhantes e adquirem a cor natural da seda.

As fibras que tiveram origem no casulo vão-se juntando para formar fios, que finalmente são enrolados e secos. Cada casulo é composto por um fio muito longo, que pode produzir de 450 a 1000 metros de seda.

Posso ter bichos-da-seda em casa?

Em criança, a maior parte de nós já teve uma caixa de cartão com bichos-da-seda. Os mesmos alimentavam-se de folhas de amoreira e produziam os seus casulos, mas num número tão reduzido, que não lhes dávamos qualquer utilidade.

Quando constatávamos que os bichos tinham dado lugar ao casulo, o habitual era fechar a caixa e semanas depois, quando a voltávamos a abrir, apenas encontrávamos umas borboletas já sem vida. Para as crianças, ter um bicho-da-seda numa caixa é agradável, mas não tem qualquer utilidade.

Onde obter seda nacional?

No Portugal de hoje, um dos mais valiosos tecidos do mundo, a seda, é produzido em Castelo Branco. E o mais importante de tudo, a produção acontece na sede da APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Doente Mental). Todo o processo é realizado pelas mãos de um grupo de jovens deficientes.

É em Janeiro que se dá início à criação dos bichos, e são os jovens que frequentam a instituição que os alimentam e realizam a recolha da folha de amoreira. A associação tem sessenta mil bichos e executa três produções anuais.

Além de produzir uma matéria-prima única a nível nacional, uma vez que, Portugal continua a importar seda aos países asiáticos, toda esta prática serve da terapia para os jovens que sofrem de deficiências. É uma forma de se sentirem úteis a uma sociedade que ainda é discriminatória e tem um padrão de beleza definido.

A seda produzida em Castelo Branco já conta com 25 anos de existência e tem marca registada. É graças a estes jovens que atualmente se encontram à venda produtos de seda cem por cento nacionais. Com este material é possível produzir cachecóis, lenços e muito mais.

Opte por adquirir a seda portuguesa, um produto de excelência e mais perto do que imagina.

Portugal inaugura primeiro Museu da Seda

As obras já tiveram início e o primeiro Museu da Seda em Portugal tem abertura prevista para o verão de 2014. Este é uma iniciativa da autarquia de Castelo Branco, que pretende divulgar um produto único a nível nacional e que já atrai visitantes à região.

O objetivo deste museu é explicar às pessoas como se fabrica a seda e expor um vasto leque de produtos, manufaturados pelos alunos da APPACDM. A única produção de seda nacional tem um amplo valor, porque permite aos jovens desenvolverem a sua capacidade mental, ao mesmo tempo que lhes dá mais confiança para enfrentarem as adversidades da vida.

O que é nacional é bom, por isso, não deixe de comprar um produto elaborado com a seda de Castelo Branco.

Ana Rita Amante Leal

Ana Rita Amante Leal

Bio

Licenciada em jornalismo, sempre foi apaixonada pela escrita. Com 24 anos, teve a sua primeira experiência em redacção no ano de 2012, quando realizou um estágio no jornal Correio da Manhã. Seguiu-se o jornal O Setubalense e uma colaboração como freelancer para a revista Her Ideal. Com a colaboração na 2write consegue alcança um dos seus grandes objectivos: trabalhar a partir de casa.

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