Mais de metade da cortiça existente no nosso planeta é produzida em Portugal. Devido à abundância dos sobreiros em território luso, uma boa parte da cortiça extraída é utilizada no revestimento de solos, na fabricação de calçado e na produção de artigos de decoração.
Do sobreiro se faz a obra-de-arte
O concelho de Montemor-o-Novo, situado no coração do Alentejo, é o que detém a maior produção de cortiça a nível nacional. Após a plantação do sobreiro, são necessários entre vinte a trinta anos para se realizar a primeira tirada de cortiça. A mesma é efetuada manualmente, com um machado, do forma a não degradar o tronco da árvore. Só é possível realizar a extração de nove em nove anos.
Este é um trabalho pesado e com muitas décadas de história. Já surgiram várias tentativas de mecanizar todo o processo, para reduzir os custos a ele associado, mas ainda não foi possível encontrar máquinas que não prejudicassem o tempo de vida do sobreiro.
Depois de cada recolha, a cortiça é pesada e vendida. Este produto é adquirido por empresários, que transformam as grandes pranchas em folhas de espessura reduzida, para realizarem diversos trabalhos.
Atualmente é muito comum estas folhas de cortiça darem origem a carteiras, malas, guarda-chuvas e até mesmo postais. Estes acessórios adquiriram tamanha importância, que se tornaram no artesanato tipicamente português.
Utilizar cortiça tornou-se um prazer
Em várias regiões de Portugal, principalmente no Alentejo, a cortiça tornou-se uma matéria-prima indispensável, sendo utilizada como isolante térmico para as habitações. Quando é trabalhada, esta adquire uma enorme resistência, tornando-se impermeável à água e resistente ao fogo. Os edifícios que utilizam cortiça na sua construção podem ser considerados eco eficientes, porque consomem menos energia ao mesmo tempo que permitem aos seus proprietários poupar no aquecimento, na manutenção e na limpeza do prédio.
De norte a sul de Portugal, encontramos à venda diversos artigos de artesanato, como guarda-chuvas, carteiras, chapéus, malas e até mesmo calçado produzidos integralmente em cortiça. Estes artigos mantêm a cor natural da matéria-prima que lhe dá origem e já se tornaram um ex libris nacional. Vir a Portugal e não comprar um acessório feito em cortiça é o mesmo do que ir a Roma e não ver o Papa. A maior parte dos artigos que se encontram à venda são biodegradáveis, ajudando assim, a proteger o meio ambiente.
Utilização além-fronteiras
Com o mundo em mudança, a cada dia que passa encontramos edifícios públicos e de grande valor histórico que recorrem ao potencial da cortiça portuguesa, como material de construção.
O Pavilhão de Portugal, na Expo Xangai, em 2010, foi integralmente revestido de cortiça. O objetivo foi mostrar o que de bom se produz em território luso e promover esta matéria–prima junto do povo asiático. Os espanhóis não deixaram escapar a oportunidade de realizar algo semelhante e importaram este produto nacional para a obra de requalificação da Sagrada Família, em Barcelona. De referir que este é um dos monumentos mais visitados no mundo.
Na primeira década do século XXI surgiram inúmeros projetos internacionais que apostaram na utilização de cortiça. Portugalexportou este valioso produto para a Holanda, para os Emirados Árabes Unidos e para o Japão. A cortiça portuguesa tornou-se cada vez mais apreciada no estrangeiro e aqui pode-se dizer que o que é nacional, é bom.