Os contaminantes químicos andam de braço dado com a indústria. Poeiras, fumos, neblinas, aerossóis, gases e vapores são agentes agressivos que podem, se não forem tratados, afectar a saúde dos trabalhadores com doenças de grande impacto, nomeadamente ao nível respiratório e também cancerígenas.
O que são contaminantes químicos?
A norma ISO 4225 define contaminantes como sendo todas as substâncias emitidas para a atmosfera, quer seja devido à actividade humana ou por a processos naturais, que prejudiquem o Homem ou o ambiente.
Na verdade, os contaminantes químicos são todas as substâncias orgânicas ou inorgânicas, naturais ou sintéticas, que durante o seu fabrico, manuseamento, transporte, armazenamento ou uso, podem libertar-se no ar ambiente, e em quantidades que tenham probabilidades de provocar danos na saúde das pessoas (doenças profissionais) ou danos (acidentes) pessoais e materiais, incluindo o ambiente.
A acção nociva de uma exposição a contaminantes químicos esta relacionada não só com as características dos contaminantes mas também com o trabalho desenvolvido (duração e tipo) e com as características do próprio indivíduo. Assim, são considerados determinantes os seguintes factores:
- Composição química dos contaminantes, que determina a sua toxicidade;
- Capacidade de penetração dos contaminantes no organismo e sua solubilidade no sangue;
- Quantidade de substancia presente no ar inalado;
- Tempo de exposição e frequência da exposição ao longo do tempo;
- Tipo de trabalho desempenhado pelo trabalhador – quanto maior for o esforço dispendido maior e o volume de ar inspirado e, consequentemente, a quantidade de contaminantes químicos inalados;
- Características individuais: o género, a idade, o estado de saúde e a susceptibilidade genética fazem variar, para igual exposição, a extensão e/ou tipo de efeitos no organismo;
Que formas podem assumir os contaminantes químicos no ar ambiente?
Os contaminantes químicos podem apresentar-se sob a forma sólida, líquida ou gasosa:
| Contaminantes químicos sólidos | Poeiras, Fibras, Fumos |
| Contaminantes químicos líquidos | Nevoeiros, Aerossóis |
| Contaminantes químicos gasosos | Vapores, Gases |
Que efeitos têm na saúde?
Os contaminantes químicos podem provocar danos no imediato ou a curto prazo, por intoxicação aguda, ou provocar uma doença profissional ao longo do tempo – intoxicação crónica.
A maioria dos contaminantes químicos produzem efeitos prejudiciais a partir de certa quantidade, já que na maioria dos casos pode-se trabalhar em contacto com eles sem que surjam efeitos irreversíveis – desde que seja em baixas concentrações.
No entanto, há certos contaminantes de reconhecido potencial cancerígeno que podem provocar o aparecimento de doenças – mesmo em concentrações muito baixas. Deve-se, por isso, evitar o contacto com este tipo de contaminantes e as medidas preventivas exigidas são bem mais rigorosas.
O exemplo das Poeiras
- As poeiras Fibrogénicas ou Pneumoconióticas provocam reacções químicas ao nível dos alvéolos pulmonares dando origem a doenças graves, denominadas pneumoconioses;
- As poeiras alergizantes e irritantes actuam sobre a pele ou sobre o aparelho respiratório;
- As poeiras tóxicas podem causar lesões nos órgãos viscerais, de uma forma rápida e em concentrações elevadas (intoxicações agudas) ou lentamente e em concentrações relativamente baixas (intoxicações crónicas);
- As poeiras cancerígenas provocam cancro;
- As poeiras inertes não produzem alterações fisiológicas significativas, embora possam ficar retidas nos pulmões. Só apresentam problemas em concentrações muito elevadas.
Atenção! Para além dos efeitos para a saúde deve ter-se em conta que as poeiras sujam o ambiente de trabalho, reduzem a visibilidade por absorção da luz, deterioram as máquinas com redução do seu rendimento e durabilidade prejudicando o bem-estar geral, diminuindo o rendimento de trabalho!
Contaminantes químicos na indústria da alimentação
Na indústria da alimentação existem algumas actividades significativamente sujeitas à contaminação do ambiente de trabalho por poeiras com maior destaque nas moagens, fábricas de rações e panificadoras.
Em relação aos contaminantes químicos em estado líquido podemos destacar os Aerossóis e Neblinas.
Os Aerossóis são suspensões no ar de gotículas cujo tamanho não é visível à vista desarmada com origem na condensação de vapores ou na dispersão de líquidos. As Neblinas são suspensões no ar de gotículas líquidas visíveis e produzidas por condensação de vapores.
Na indústria da alimentação podem existir actividades com formação de aerossóis ou neblinas e com possível consequência de depósito nos pulmões caso não sejam definidas medidas de controlo devidamente adequadas.
Nos contaminantes químicos em estado gasoso podemos destacar os gases e vapores.