O amianto perigoso
O amianto está presente na grande maioria dos telhados da indústria transformadora – assim como em instalações eléctricas, pavimentos, paredes, tectos, tubagens de água e saneamento, válvulas e rebordos de anilhas, sistemas de aquecimento, entre outros. O que acontece é que todas as variedades de amianto são agentes cancerígenos da classe 1, ou seja, sabe-se que provocam cancro no ser humano.
O grande perigo da inalação
Existe o perigo decorrente da inalação das fibras presentes no ar quando estas se libertam – as fibras microscópicas podem depositar-se nos pulmões e neles permanecerem por muitos anos podendo vir a provocar doenças mais tarde, normalmente várias décadas depois, isto se a ligação das fibras de amianto for fraca: o risco de libertação de fibras é maior devido à friabilidade do produto ou material.
Se, pelo contrário, as fibras estiverem fortemente ligadas num material não friável, a probabilidade de essas fibras se libertarem será menor.
Um determinado material libertará mais ou menos fibras de amianto consoante estiver intacto ou danificado. O estado dos materiais que contêm amianto pode alterar-se com o tempo, nomeadamente, em função dos estragos, do desgaste ou das condições climatéricas.
É por isso que é urgente, senão eliminar os materiais e instalações com amianto, reduzir a sua existência praticando-se uma política de manutenção das instalações na indústria. Ouviu bem Senhor Industrial?
Consequências do amianto para a saúde
O amianto é perigoso ao dispersar-se no ar sob a forma de fibras muito pequenas que são invisíveis a olho nu. A inalação dessas fibras de amianto pode provocar uma de três doenças:
- Asbestose, uma lesão do tecido pulmonar;
- Cancro do pulmão;
- Mesotelioma, um cancro da pleura (a membrana dupla lubrificada e lisa que reveste os pulmões) ou do peritoneu (a membrana dupla lisa que forra o interior da cavidade abdominal).
A asbestose dificulta severamente a respiração e pode ser causa coadjuvante de morte. O cancro do pulmão é mortal em cerca de 95% dos casos e pode ser causado por asbestose. O mesotelioma não tem cura, conduzindo geralmente à morte no prazo de 12 a 18 meses a contar do diagnóstico.
Apontou-se para o facto de a exposição ao amianto poder provocar cancro da laringe ou do aparelho gastrointestinal e suspeitou-se de que a ingestão de amianto (por exemplo, em água potável contaminada) pudesse causar cancro gastrointestinal e pelo menos um estudo conclui haver um risco aumentado no caso de ingestão de água potável com concentrações de amianto excepcionalmente elevadas. Contudo, estes indícios não foram confirmados de modo consistente pelos resultados de estudos relevantes.
A exposição ao amianto também pode provocar placas pleurais. As placas pleurais são espessamentos focais, fibrosos ou parcialmente calcificados que se desenvolvem na superfície da pleura e podem ser detectados por meio de uma radiografia torácica ou tomografia computorizada. As placas pleurais não são malignas e, em princípio, não afectam a função pulmonar.
Qual é a legislação aplicável?
A Lei n.º 2/2011, de 9 de Fevereiro, visa estabelecer procedimentos e objectivos com vista à remoção de produtos que contêm fibras de amianto ainda presentes em edifícios, instalações e equipamentos públicos.
Para si, Senhor industrial, é uma questão de bom senso e de consciência de que a saúde é um bem essencial e que não lhe interessa, de todo, ter trabalhadores com doenças profissionais, ter baixas, ver a modalidade do absentismo ser praticada na sua indústria. Entretanto, faça-me um favor: consulte já, de imediato, a Directiva 83/477/CEE, relativa à protecção dos trabalhadores contra o amianto.
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